Por: Giselle Nascimento, aluna do curso de dança contemporânea, da escola de Ballet Bolshoi:
A bailarina segura as sapatilhas. O jogador amarra as chuteiras. Faz o aquecimento, se alonga. A bailarina faz sua oração.
O jogador canta o hino. Os bailarinos desejam sorte. Os jogadores se cumprimentam. A vinheta toca.
O juiz apita. Hora de encarar o público. Hora de enfrentar a torcida.
A bailarina sobe ao palco. O jogador entra em campo.
A bailarina fica nervosa. O jogador ansioso.
A bailarina salta, gira. O jogador corre, passa a bola.
A bailarina prepara a pirueta. O jogador, o chute. A bailarina cai. A bola bate na trave.
O público se assusta. A torcida grita. O professor fica tenso. O treinador fica louco.
A bailarina levanta. O jogador continua. As cortinas se fecham. O árbitro apita.
Fim do 1º ato. Fim do 1º tempo. Quinze minutos. Parece pouco para trocar figurino e cenário. Parece pouco para armar as próximas jogadas.
A bailarina se coloca na posição. Bola ao centro do campo. Toca o último sinal. Ouve-se o apito.
O público senta. A torcida levanta.
A bailarina reflete: ”Farei melhor que o 1º ato”. O jogador pensa: “Jogarei melhor que o 1º tempo”.
Eles reiniciam a execução de seus passos. A bailarina novamente salta, gira. O jogador novamente corre, passa a bola.
A bailarina se equilibra. O jogador faz um gol. O público grita “Bravo!”. A torcida vibra. Ambos emocionados.
Tudo passou rápido. Fim de espetáculo. Fim de jogo. A bailarina ganha flores. O jogador recebe o troféu.
Exaustos, mas felizes. Pés cansados, porém ansiosos para uma próxima vez.
Como amante que sou do ballet, parabenizo a autora, pela delicadeza das palavras dançando no mundo do futebol, unindo estes dois mundos aparentemente tão diferentes, através da mesma emoção de se fazer o que verdadeiramente SE AMA!!! Saudades do palco que não passam jamais!!! Suzi Mendes